O artista da Baixada Fluminense que transforma o cotidiano em som, e vem conquistando o público com sua nova fase musical.

Duque de Caxias respira arte. Das vielas, dos becos, das batalhas de rima, Maui surgiu: Cantor, compositor, cria da Baixada Fluminense que com seu som insiste em fazer acontecer. E não é exagero dizer que ele tá num ponto de virada. Recentemente, seu novo álbum “Melodia & Barulho” bateu 990 mil streams! Não é só número, é força e potência sendo revelada ao Brasil inteiro.

O SOM QUE MEXE

No dia 19 de setembro de 2025, Maui liberou Melodia&Barulho, seu primeiro álbum de estúdio, lançado pela DeckDisc. São 16 faixas que respiram influência de gêneros diversos (R&B, funk, pagode, afrobeat, drill, grime, reggae) tudo costurado por uma estética maximalista que só quem vive a periferia entende.

A primeira vez que ouvi Maui foi com amigos, e gostei do que ouvi. Com seu novo álbum foi tudo uma nova descoberta.

MELODIA&BARULHO, o nome do álbum, parece até manifesto.
É como se Maui dissesse que tudo o que é desorganizado também pode ter beleza. Que a vida é ritmo, mesmo quando desafina.
Tem faixa que é pista, tem faixa que é desabafo, tem faixa que parece uma conversa de madrugada com o espelho.
Ele canta como quem vive — com fome, com ternura, com um pouco de raiva também.

TEM GENTE COM FOME!

O poeta Solano Trindade (1908-1974) Não poderia nem em seus mais loucos sonhos que seu poema se tornaria algo tão forte, marcante e que se tornaria faixa de música. Maui incorpora o poema em seu álbum com uma excelente interpretação de Silvia de Mendonça, que faz toda diferença, o que mostra um olhar atento do cantor ao mundo da música.

O que me fascina no Maui é que ele não parece querer ser “o diferente” da cena; ele é o reflexo dela.
Um reflexo meio torto, meio humano, tipo os que a gente vê no vidro do trem quando o sol bate errado. E é ali que mora a força dele, na honestidade.

Quando ouço Comemorar?, não penso só em festa.
Penso naquele respiro depois da luta.
Porque o que Maui canta não é sobre ostentar — é sobre lembrar que nem sempre teve.
Ele celebra o corre, o suor, a fase ruim que passou.
Canta como quem construiu o próprio castelo e agora pode olhar pra trás e dizer: “a gente venceu, mas continua junto.”
Tem rima, tem deboche, tem ginga, mas também tem verdade.
A letra parece simples, mas esconde algo bonito: o luxo aqui não é o ouro, é o alívio.

Maui é esse grito bonito de quem insiste.

De quem sabe que o som que vem da Baixada pode atravessar o país inteiro, mas não precisa deixar de ser Baixada pra isso. Talvez seja por isso que ele vem crescendo tanto: porque é real.
E quando a gente reconhece a realidade em alguém, a gente ouve diferente.

O barulho da rua, da alma, da quebrada, tudo cabe no som dele.
E eu acho que é aí que mora a beleza, quando a arte não tenta disfarçar o lugar de onde veio, mas faz dele motivo de orgulho.

Então, se te disserem que Maui é promessa, pode corrigir: ele já é o agora.

Terça Musical retorna na terça que vem, para mais uma máteria de algum novo artista da nova cena musical brasileira pra você descobrir. Se gostou, compartilha com os amigos e recomende esse artista.